É com profunda tristeza que informamos o falecimento de nossa querida amiga, a atriz Theresa Amayo, aos 88 anos, ocorrido nessa madrugada por volta das 4:30h da manhã em sua residência em Laranjeiras, após perder uma batalha contra o câncer.

Nascida em Belém do Pará, Theresa iniciou sua vida artística nos palcos no Rio de Janeiro pelas mãos de sua mestra: a grande Dulcina de Moraes em 1950. Em sua terceira peça profissional foi alçada ao posto de protagonista com o grande sucesso “Irene”, de Pedro Bloch. Muito jovem e determinada, Theresinha foi com a companhia de Dulcina para a Europa, voltou com grande sucesso, fez rádio e participou de vários filmes, tornando-se uma das grandes estrelas do cinema brasileiro na década de 1950. Filmou com astros como Anselmo Duarte (“O Diamante”, 1955) e Mazzaropi (“Fuzileiro do Amor”, 1957). Também foi pioneira da televisão no Brasil, atuando com destaque na primeira emissora do país, antiga TV Tupi. Dona de beleza e carisma fascinantes, a talentosa atriz brilhou em incontáveis teleteatros e novelas ainda nos primórdios do gênero, quando eram exibidas apenas duas ou três vezes por semana. Sob a direção de grandes nomes como Chianca de Garcia, Mauricio Shermann, Jacy Campos, Victor Berbara, Fábio Sabag e João Loredo, Theresa estrelou programas clássicos como “Teatrinho Trol”, “Câmera Um” e “Histórias do Teatro Universal”. Também teve passagens TV Rio e TV Continental, vivendo a transição da TV ao vivo para o revolucionário videotape. Na década de 1960, Theresa consolidou-se como estrela de primeira grandeza do nosso cenário artístico: além de protagonizar inúmeros espetáculos teatrais como o musical “Irma La Douce” (1969), a atriz foi uma das primeiras contratadas do estelar elenco da TV Globo. Viveu inesquecíveis personagens em novelas históricas escritas por Glória Magadan, Janete Clair e Moysés Weltman, como “O Rei dos Ciganos” (1966), onde interpretou a cigana Svetlana; “A Rainha Louca” (1967), que conquistou o Brasil ao lado de Cláudio Marzo (os inesquecíveis personagens Índio Robledo e “a patroazinha”, Maria de las Mercês); “Sangue e Areia” (1968), formando com Tarcísio Meira e Glória Menezes o trio de protagonistas; e por fim “Passos dos Ventos” (1968) e “A Última Valsa” (1969). Em 1975, deu vida à Mocinha, a jovem heroína da primeira versão da novela “Roque Santeiro”, de Dias Gomes, proibida no dia da estreia pela censura do regime militar. Na sequência, interpretou um polêmico par romântico interracial com o ator Milton Gonçalves, em outro campeão de audiência da emissora, a novela “Pecado Capital” (1975), de Janete Clair. Theresa também foi uma estrela dos primórdios do SBT, quando ainda se chamava TVS, no folhetim “O Espantalho” (1977), de Janete Clair. Na década de 1980, esteve no elenco da TV Manchete, onde trabalhou nas novelas “Tudo ou Nada” (1986) e “Carmen” (1988).

Theresa Amayo era viúva do polímata Mário Brasini (1921-1997), artista multimídia que se destacou como ator, autor, diretor, produtor e inventor (devemos à ele a criação do “ponto eletrônico” usado até os dias de hoje). Com Brasini, além de viver uma grande história de amor e de constituir uma bela família, ela também desenvolveu inúmeros projetos artísticos como a ida para a nova capital do país, criando o Teatro Permanente de Brasília, a pioneira Caravana da Cultura, de Paschoal Carlos Magno, e a formação da Companhia Amayo-Brasini.

Em 26 de dezembro de 2004, Theresa Amayo e sua família sofreram uma grande tragédia. O Tsunami ocorrido em Sri Lanka, sudeste Asiático, se estendendo para a Tailândia, Índia e ilhas da região, ceifaram as vidas de sua filha Lys (diplomata), de seu neto Gianluca de 8 anos e de seu genro Antônio D`Avola.

Seus mais recentes trabalhos no Teatro foram em “A Garota do Biquini Vemelho” (2011), de Artur Xexéo, “As Eruditas” (2011) e “Thérèse Raquin” (2013), “Tricotando” (2016). Nos últimos anos, a atriz também vinha marcando sua presença em grandes produções cinematográficas como “S.O.S. Mulheres ao Mar” (2014), “Sorria Você está Sendo Filmado” (2015) e “Sai de Baixo – O Filme” (2019). Seu último trabalho, no entanto, permanecerá inédito: em 2021, a atriz voltou aos estúdios da TV Globo para interpretar uma amiga da personagem de Marieta Severo na trama de “Um Lugar ao Sol”, porém, as complicações com a doença a impediram de realizar este trabalho, apesar de já ter gravado diversas cenas.

Adeus Teresa Amaio
Theresa deixa dois filhos e uma neta. A família ainda não informou o horário do velório e do sepultamento.